Facebook e Orkut podem infantilizar seu cérebro. Funciona assim: o cérebro é altamente "plástico", ou seja, é constantemente influenciado pelo mundo exterior. Se o cérebro é sensível ao ambiente e o ambiente está mudando, isso significa que o cérebro muda também. Cada vez mais, as pessoas passam suas vidas em frente a telas. E, mais importante que discutir se essa mudança é boa ou ruim, é pensar que tipo de cérebro nós queremos.
Um cérebro infantilizado é um cérebro cujo córtex pré-frontal apresenta baixa atividade. Essa é a área do cérebro que é mais desenvolvida em humanos se comparada com o órgão de chimpanzés. O córtex pré-frontal só alcança maturidade após a adolescência. Antes desse período, o cérebro é caracterizado pela "síndrome de hipoatividade frontal", na qual o funcionamento cerebral é mais impulsivo e sensitivo, e não abstrato e cognitivo.
As crianças têm cérebros que são mais maleáveis, já que elas não têm tantas conexões cerebrais pré-existentes. Elas têm uma quantidade excessiva de conectividade, permitindo-as adaptarem-se a qualquer ambiente no qual elas se encontram. Depois dos 10 anos de idade, essa habilidade de aprendizado generalizada se torna mais especializada. Porém o cérebro humano é constantemente adaptável, até a morte. Portanto, adultos também são afetados por qualquer mudança extrema no tipo de ambiente.
A geração que passa a vida toda através da tela terá um cérebro adaptado a um mundo que passa pela tela. Isto é, um mundo em que empatia, narrativa e significado são menos importantes que os fortes conteúdos sensórios de experiências atuais.
A internet está mudando nossa forma de pensar. Temos acesso imediato a fatos, mas sem, necessariamente, ter uma estrutura conceitual que os ligue. Os fatos não se tornam "conhecimento". Vivemos a era da informação, queremos informação em grande quantidade e velocidade, porém ainda precisamos de tempo para ligar os fatos e interpretá-los, pois isso é que gera conhecimento.
O cérebro humano não é uma máquina de filtrar, mas, sim, um processador que usa as informações que nos cercam para entender o mundo. Apesar de as crianças, por exemplo, digerirem a informação de maneira rápida e terem a capacidade de aprender decorando de forma satisfatória, os cérebros delas não são melhores do que o de um adulto vagaroso que é capaz de entender e usar as informações ao redor ao colocá-las em uma estrutura mais ampla e conceitual.
É muito difícil mostrar uma conexão entre as redes sociais e as doenças cerebrais. Há vários estudos sobre a plasticidade neural, mas nenhuma pesquisa focou-se diretamente em imagens escaneadas do cérebro dos indivíduos que passam a maior parte do tempo em frente a telas. Ainda assim, é importante notar que há um aumento tanto em casos de autismo, quanto em episódios de distúrbio de déficit de atenção. Será apenas coincidência ou o crescimento dessas doenças pode ser associado ao uso frequente do computador?